terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cromnicas Unknown

Ela estava andando na rua, ouvindo seu som sem ligar muito pra quem passava, apesar do efeito dela noutras pessoas ser o oposto. Todos olhavam pra ela, que era muito bonita, aparentava uns vinte e poucos anos e andava olhando na posição intermediária entre o "nariz alto" e o "nariz pra baixo", mas quando ela percebeu, não tinha muita certeza se conversavam sobre ela; se tinha algo em seu rosto ou suas roupas (checou, só por precaução); ou se ela estava paranóica.
Ela andou mais um trecho, o som que ela escutava era alto o bastante para todos na parada de ônibus onde ela estava ouvirem mais ou menos o que ela estava escutando. Olhou no relógio, eram 15:15, ela sorriu, sem jeito por estar sorrindo sem motivo no meio de estranhos, e focou-se na frente, esperando seu ônibus e ocasionalmente olhando o relógio.
Baixou os olhos, nenhum ônibus à vista. Divagou sobre músicas (a maioria falava de amor) e seu ceticismo quanto ao assunto, se considerava o "São Tomé" do amor e tinha até orgulho disso. Orgulho era seu nome do meio. Sorriu novamente sobre seus pensamentos idiotas de auto-conhecimento, afinal de contas, ninguém ali parecia ligar, mesmo que ela sentisse a maioria dos olhares nela.
Entrou no ônibus e agradeceu por estar saindo daquela atmosfera. O cobrador lançou-lhe um olhar de pena e ela não entendeu bem o porquê daquilo. Sentou-se no canto, perto do corredor, porque assumiu que não demoraria até ela chegar no ponto de ônibus correto... Mas o trajeto demorou mais que o esperado e de repente havia uma gama de pessoas lá... Porém, o lugar ao seu lado estava vazio... Uma passageira entrou, uma senhora, que logo avistou o lugar vago e sentou-se
- Menina?
- Oi! - ela respondeu abaixando o som.
- Posso me sentar ao seu lado?
- Claro.
A senhora também a encarou. Pagara a passagem mesmo sem dever, ela não entendeu.
- Qual seu nome?
- Mel.
- Mel. - a senhora ponderou um pouco - Posso lhe perguntar algo?
- Sim, senhora.
- Por que você está com os olhos tão tristes?
- Meus olhos são caídos assim, bom, não é meu traço mais bonito.
- Não é a posição deles. E sim a tristeza por trás deles. Você não parece satisfeita, Mel.
- Nunca estamos satisfeitos. - ela deu um sorriso constrangido.
- Mel...
- Sim?
- Viver com amor é um caos. Viver sem ele é sentenciar a própria morte.

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