domingo, 23 de fevereiro de 2014

Cruzes!

Eu rodo sem rumo pela cidade, meu velocímetro diz que eu tô muito rápida e meu sangue diz que eu tô muito alcoolizada, mas eu não ligo... Quando vejo essa cidade, encontro cruzes em todas as partes.
Eu penso que meu carma deve ser fodasticamente horroroso, porque não vejo como eu, que procuro ser tão boa com os outros e os ponho (de vez em quando) na frente de mim mesma, estou sozinha sem ninguém pra se preocupar se eu to muito bêbada, muito confusa, muito rápida. Eu quero um amor só meu, que seja intenso, que seja eterno enquanto dure, que me faça rir, chorar e me faça até sentir uma ponta de ciúmes.
Mas eu rodo pela cidade e em todo bairro eu encontro cruzes de amores que poderiam ter sido e que não foram e elas vão soltando uma farpa no meu coração que tornam ele mais ferido do que já é e eu tenho um medo sincero de que um dia as cruzes findem comigo terminando machucada por amores que nunca aconteceram.
Cruzes!
Espero que não.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pissed

Não consigo nem dizer direito o que eu to sentindo agora, eu quero cometer o maior massacre do mundo e o álcool é o único álibi que eu tenho. Será que vale?
Não consigo superar essa raiva interna de vocês, grudados, longe do meu presente. Nunca pensei que num dia a gente pudesse perder uma amiga e um amor, mas se a vida é assim, que seja!
Quando eu matar vocês, eu vou contar como partiu meu coração cada beijo, cada dança, cada amasso e, isso sim vai ser o golpe final.
Eu não vou parar seus corações, eu vou fazer doer até ele parar voluntariamente.
Então, meus ex-queridos, eu queria mandá-los ao diabo, mas meu álibi não me permitiu ser tão benevolente, então vão pro inferno mesmo.

The Short Tale

Sempre quis contar a história sobre como a gente se conheceu, mas nunca tive certeza se eu poderia descrever tanta grandiosidade, então desconsidere isso como uma página do nosso livro juntos e só permita que eu diga o que eu lembro e como eu lembro, pode ser?
Nosso amigo nos apresentou, na vã esperança de que você fosse ajudá-lo a me conquistar, mas o tiro saiu pela culatra no primeiro cumprimento que a gente trocou, porque nunca duas criaturas se fascinaram tanto logo num primeiro encontro.
Você veio me fazendo perguntas existencialistas, sobre a vida, sobre minhas atitudes, alegando que queria muito me conhecer e entender porque nosso amigo se encontrava tão encantado por mim, mas eu tinha um jeito único de compartilhar o que tava na minha cabeça sem revelar quem eu realmente era (instinto de proteção própria ou só medo, você escolhe) e meu quebra-cabeças se tornou cada vez mais cativante pra você. Logo percebi que seu olhar tinha mudado, havia um tipo diferente de faísca quando a gente interagia e todo o ambiente se modificava pra caber direitinho a tensão que havia entre a gente.
Lembro que numa dessas reuniões, você me levou pra casa e disse que haviam diferentes personalidades em você, que ora você era você, ora Jack, ora Dave e que isso te perturbava de um jeito mais profundo que aquele seu sorriso quis denunciar. Quando eu disse que eu só tinha uma personalidade e que ela era bastante estável na sua instabilidade, você parou de frente pra uma dessas lojas de discos que a gente gostava de entrar e disse, enquanto você me empurrava contra a vitrine que eu tinha outra personalidade, que eu era uma Cinderela e me beijou, sem me deixar ao menos imaginar o que raios aquilo significava.
E eu não queria mais pensar, nem conversar, a gente já fazia isso o suficiente.
Isso pode ser muito diferente na sua cabeça e, claro, eu tô contando a versão mais curta, porque só nós precisamos saber o que é censurado, mas acho seguro dizer que nós acabamos.
Mas eu gosto de ressuscitar você de tempo em tempo só pra te dizer que se eu te inspiro metade do que você me inspira... Garoto, nós tínhamos que estar juntos.