domingo, 12 de fevereiro de 2012

To See You

"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo

De lembrar que te esqueci?"                
                                 — Mário Quintana


Eu consigo pensar em milhares de maneiras diferentes de dizer que eu sinto sua falta, pode ser com um dirigível carregando essa mensagem pelo céu, pra todos verem ou aparecendo na sua porta às duas da manhã dizendo que você sempre foi tudo que eu pedi e que nada me magoou mais do que ter que ver você partir.
Então eu resolvi me expressar da maneira que me pareceu mais cabível, onde eu pudesse te contar tudo sem medo de retribuição, tendo em vista que você só lerá isso depois que eu terminar... Aí lendo algum material que me desse mais inspiração, eu esbarrei novamente por essa poesia de Mário Quintana chamada "Do Amoroso Esquecimento" e pensei que não haveriam palavras suficientes para descrever exatamente como é essa coisa que a gente tem de uma forma tão certa como foi essa poesia.
Amoroso esquecimento... Faz a gente até lembrar daquele amor imenso que a gente sentia um pelo outro e como isso foi avassalador, repentino e ainda assim foi uma peça central pra encaixar os outras partes do nosso quebra-cabeça. O esquecimento que me incomoda, porque por mais que eu tentasse, por mais que eu dissesse repetidamente pra mim mesma que nosso tempo junto foi algo valioso que eu ia apreciar por toda minha vida, mas que eu tinha que seguir em frente, que eu tinha que parar de pensar em você... Nada disso aconteceu, você virou presença constante em minhas fantasias e meus sonhos e saber que você estava a meio mundo de mim não era nada reconfortante.
O que nos separava era um enorme pedaço de terra e mar que não se movia de jeito nenhum e toda vez que eu me aproximava, esperando esbarrar contigo, eu me via perdida de novo no meu não-esquecimento.
Afastamento sim. Esquecimento não.
Agora, te ver novamente, tão crescido... Tão maduro, devo dizer que mexe comigo.
Mas te ver todo dia seria bem melhor...

Nômade

Você diz que seu coração está onde está a sua casa, mas assim que você se acomoda em um coração, você muda, querendo algo novo, mais excitante. Você passa de casa em casa, dando seu amor, seu carinho e realmente se despejando em cada canto daquele lugar, impregnando o lugar com seu cheiro, suas coisas. Daí você deixa tudo pra trás e vai para o próximo coração, a próxima casa pra você se alojar, onde você é uma pessoa completamente diferente.
E no fim das contas, todas as casas, todas as vizinhas estarão de coração partido e sem reconhecer uma pessoa que encheu tanto a vida delas. Todas vão te dizer tchau e vão te seguir na estrada até que você ligue o seu modo repelente e afaste todas elas e então, você, nômade, vai ficar sozinho.
Sem saber o que é amor, sem saber como elas podiam te amar do jeito que você precisa.
Você vai ficar sozinho, sem saber qual das personalidades suas é a verdadeira e qual delas é a real máscara, então eu te pergunto, nômade: quem diabos é você?

Our Passion

A gente não tem amor... ainda.
Mas a gente tem paixão e isso é inegável, nossas faíscas conseguem acender o mais mínimo dos desejos internos nossos, nos faz querer agarrar todo esse desejo, toda essa luxúria que nos circunda. Nossa faísca acende fogos e a chama ascende e ascende e ascende até que a gente fique exausta de tanta paixão.
A gente não precisa de palavras chiques ou promessas que não serão cumpridas. Não... Nossa paixão é monossilábica, rodeada de gemidos e de toques gentis. 
Preciso de você amanhã pra eu conseguir sentir que na vida existe algo além da rotina, algo além do que a gente deve ou não fazer, preciso de você pra me mostrar quão excitante é uma dança de tango.
Preciso das nossas conversas com apenas uma palavra dita por cada um de nós, escutar sua voz pra me tranquilizar num dia muito estressante, preciso só da garantia de que de noite você vai esquentar minha cama.
Porque um dia isso vai virar amor, mas não ainda.

Love Leaf

As folhas do outono estão caindo na frente da minha janela.
Como elas, algo também está me matando e eu caí de joelhos, implorando para que eu tivesse um pouco mais de seiva doce, um pouco mais de tempo, um pouco mais de qualquer coisa que me prenda aos seus galhos tão fortemente que eu não tenha vontade de cair de amores como caio agora de desilusão.
Eu queria algo mais, sabe? Você me dava tudo que eu precisava pra poder continuar vivendo, continuar te amando - e te servindo -, mas depois de um tempo eu me vi presa num fogo cruzado onde eu tive que escolher entre me manter sozinha e me manter sem você.
Eu queria só um pouco mais de amor e cuidado, era pedir muito de uma pessoa que esteve do meu lado durante tanto tempo?
Eu sei que você falou que não era bom pra mim, que eu merecia alguém que me sustentasse de um jeito o qual você não tinha capacidade, aí eu descobri que você não me dava o que eu queria, porque nem amor mais restava dentro de ti por mim. Então entre me prender à você e me libertar sozinha, eu preferi ficar aqui...
C
   A
      I
        N
           D
              O
              na desilusão.