segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dream a Little

Foi como se tudo voltasse à minha cabeça, o momento em que tudo desmoronou.
— Não, Micaela, eu não gosto mais de você e não quero te ver mais, por que você não entende isso de uma vez por todas? — ele suspirou amargamente — Eu já te amei, mas não mais, você não compreendeu ainda que eu quisesse, você fez o impensável, duvidou de mim e quis tornar minha vida um inferno, não dá. Eu não aguento mais.
E agora ele estava mais perfeito que nunca, parecia um príncipe e eu fiquei me perguntando porque eu não lutei mais, eu não expliquei. No meio dos meus pensamentos dispersos percebi que ele vinha na minha direção.
— Micaela — ele sorriu vampirescamente — Você por aqui...
— Rafael, você tá bonito.
Ele rodou lentamente, como se estivesse exibindo a roupa que usava.
— Vim de príncipe hoje, Micaela. — ele olhou para cima, o sol fez brilhar os olhos negros do rapaz e seu cabelo loiro — Estou querendo resgatar uma princesa.
Eu ri, não sabia mesmo o que fazer, estava vestida de diabinha (única fantasia que minha mãe havia encontrado de última hora).
— Nossa, então você não devia ficar muito perto de mim, eu posso te contaminar com a minha malevolência. — sorri, apenas pra indicar que era uma brincadeira, não queria dar brechas para brigas.
Ele olhou pra mim um tempo, esboçando um sorriso torto, virou a cabeça e me abraçou:
— Pois eu acho que essa fantasia faz jus à você. — ele parecia seco, mas eu senti a respiração dele, como se estivesse sorrindo.
— Claro que sim, porque eu fico linda de vermelho.
Ele me soltou, acenou que sim com a cabeça e pegou na minha mão, me puxando pra frente das escadas da casa da Manu (a dona da festa).
— Vem, Micaela, eu tenho um presente pra você.
Subi as escadas desconfiada, pensando no que ele poderia me dar. Um tapa, talvez? Ele podia me matar e fazer parecer um acidente? Me jogar do topo da escada como num filme mexicano bem brega.
Quando chegamos no andar de cima, tudo estava cuidadosamente preparado para aquele momento, tudo surreal e minunciosamente preparado para  e eu só posso crer que fosse, um jantar à dois. Ele foi se aproximando da mesa, pegou com uma mão uma rosa e com a outra a câmera:
— Pegue esta flor, até combina com sua roupa. — ele apontou a câmera pra mim — Agora vem cá, Micaela, vamos gravar esse momento. Vamos nos gravar — ele estava assustadoramente entusiasmado, bailando de um lado para o outro até chegar na minha frente — Porque hoje é meu último dia te querendo, meu último dia te amando e eu acho que isso merece ficar bem gravado. — ele foi me conduzindo através do andar — Micaela... Eu amei você, isso não é maravilhoso?
— Não estou entendendo, Rafa.
— Hoje, eu vou te dar adeus, minha querida, eu vou te tirar da minha vida de uma vez... — ele sorriu, e dessa vez eu senti que ele não estava brincando — E você vai continuar aqui... Sentindo minha falta.

                                 Acordei com o coração acelerado e a barriga revirando. Se isso era uma peça do meu subconsciente, só quero deixar claro: eu não gostei...

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